quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Uma aventura… no autocarro

Voltei, voltei,Voltei de lá,
Ainda agora estava em França
E agora já estou cá.

Podia ser esta a banda sonora do final da minha viagem de 3 semanas pelo norte de Espanha e sul de França, mas não é. Felizmente, digo eu.
Saí de Lisboa no dia 3 de Abril de 2009 às 21h em direcção a Madrid num autocarro com um motorista com pouca educação e que se vê a léguas que adora o que faz.
O filme da noite? Ghost Rider, desculpem "o motoqueiro fantasma" com Nicolas Cage, legendado em Português do Brasil. É de ir às lágrimas. O filme é já de si uma autêntica desgraça.
Assim, torna-se num autêntico curso de inglês onmovie do qual destaco:
Hot shot - gostozão ou bonzão.
You're pissing me off - você está me deixando puto!
E "eu sei o que você está tentando fazer, eu assisto T.V. pra burro."
Depois de 20 dias magníficos regresso a Portugal.
Em Pamplona apanho um autocarro e sou brindado com 2 filmes dobrados em espanhol. Num Mr. Bean viaja por França e felizmente pouco fala. O curioso é que até os sons que faz são dobrados o que torna tudo ainda mais irreal.
Noutro vejo uma comédia romântica com Catherine Zeta Jones a fazer de cozinheira. Sempre serve para aprender os nomes dos alimentos em espanhol. Pena é que já estou de regresso.
No trajecto para Lisboa no dia 23 de Abril via Madrid tive o previlégio de ter o mesmo motorista e o mesmo filme da ida.
Ahhh, que saudades de ambos.
Nesse dia, para além do controlo de fronteira com direito a cães pisteiros e controlo de identificação, tive igualmente a oportunidade de assistir quase a uma cena de pugilato entre o motorista e um cliente por causa da temperatura do ar condicionado.
O que penso disto?... Gosto!
É revigorante assistir a gente com aquela energia às 4h da manhã.
Apesar do desconforto, de não compensar financeiramente (o avião chega a ser mais barato) continuo a gostar de viajar desta forma.
O que poderia acontecer num avião que se assemelhasse a isto?
Nada! Não estou a ver o piloto a pousar o copo de Champagne que era para a 1ª classe, e deixar a cabine para vir dar um murro no passageiro que apalpou a assistente de bordo. Mesmo que ela seja a sua amante.
É por saber que poderei viver experiências destas que estou desejoso de voltar a viajar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Escala em Madrid

Estou na estação de autocarros de Madrid (Av. América). Cheguei à Mendez Álvaro às 5.30h, ou seja, meia-hora mais cedo que o previsto. O autocarro vinha com apenas nove passageiros e só parou para os descansos obrigatórios e para deixar uma passageira em Badajoz.
O motorista não primava pela simpatia, como é habitual, mas não era dos piores que tenho apanhado.
Desta vez não tive uma molhada e a viagem tornou-se mais calma. Tentei dormir um pouco mas nunca me é muito fácil. Mesmo sem pessoas ao lado, não me adapto bem àquele espaço. Só o cansaço me consegue fazer dormitar. No início de viagem ele não está presente e o sono foge para outras paragens.
A brasileira do lado trazia uma almofada. Dormiu quase todo o trajecto. Devia ser uma habitué porque ela e o motorista pareciam conhecer-se doutras viagens.
Vinha igualmente um jovem "pintarolas" com uma playstation a ouvir música sem auscultadores e já me estava a irritar. Ainda por cima era daquelas só batuque. Acho que quando olhei para ele, a minha expressão deve ter dado a entender que já não estava satisfeito e ele lá desligou aquilo.
Agora estou a tomar o pequeno-almoço no café da estação da Av. América enquanto aguardo pelo meu transporte para Pamplona.
É às 8 horas e tenho de mudar em Soria. Houve umas alterações relativamente ao outro ano.
Ao meu lado estão três francesas a comer croissants.
Os empregados do café falam com elas em Espanhol a 100 à hora e elas ficam a olhar tentando abrandar a informação.
A segurança nestes terminais é muito mais apertada do que nós vemos em Portugal. O pessoal com aspecto duvidoso é na mesma proporção.
Há pouco um grupo de três jovens que viajam de mochila recebia por gestos e palavras propostas de sexo de dois tipos que aparentam ter chegado de uma discoteca.
Tenho visto alguns hoje pela manhã. É sábado logo deve ser mais habitual.
Cruzei-me com várias pessoas a viajar com mochilas às costas. Jovens e menos jovens, espanhóis, japoneses, coreanos, franceses, etc.
A primeira tostada com mantequilla e doce de morango e o primeiro café com leite da viagem já lá vão.
Certamente vão ser o meu pequeno-almoço em muitos dos dias. Aqui os bolos deixam muito a desejar. O café então…
Ainda faltam 30 minutos e é hora de começar o 1984 do George Orwell. A ver se é desta que o leio.
É dos livros mais viajados que conheço sem nunca ter sido lido. Trago-o em diversas das travessias a pé que faço, mas como opto por ler os jornais locais, conversar e ouvir histórias da população local ou doutros viajantes que vou conhecendo, acabo sempre por não lhe dar a devida atenção.
Lá vão as francesinhas...