Esta é o relato que escrevi para a Itinerante deste ano cujo tema era o Caminho de Santiago.
É a minha prenda de Natal para os milhões de seguidores do meu blog.
Peço-vos que se organizem e distribuam o acesso ao texto pelo dia para não bloquear o site da blogspot.
Bom Natal e um Ano de 2011 cheio de viagens para todos vós... e para mim também.
Para lá do Caminho
Páscoa de 2010. Estou no Caminho del Salvador, algures entre Léon e Oviedo. Olho à minha volta e procuro alguém. Não vejo vivalma. Só as montanhas, o vento, a neve e, aqui e ali um animal que foge à minha passagem.
A minha companhia são os meus pensamentos. A banda sonora é o som da minha respiração, do bastão a bater numa pedra do caminho, do clique do botão da máquina fotográfica que regista um momento que se deseja ser eterno.
O sentimento? Felicidade, plenitude, harmonia, paz interior.
Ao fundo vejo um povoado. As chaminés deitam fumo e quando me aproximo sinto aquele cheiro inconfundível a lenha queimada. No pasto, uma manada com bezerros aproxima-se. Por entre eles surge um cão pastor. Para ele não há Sexta-Feira Santa, todos os dias são dias de trabalho.
Atravesso a aldeia, vejo carros novos. São os filhos que regressam das cidades e vêm passar a quadra com os pais, recordar os sabores que faziam parte do seu quotidiano antes de serem absorvidos pela urbe, e purificar o corpo com aquele ar frio.
Os velhos não conseguem disfarçar a alegria. Fala-se com eles e os olhos brilham por sentir que alguém gosta da bica da sua fonte de onde sai a água do degelo, das pedras dos seus panaderos (tipo de espigueiro com mais de 4 pés), ou simplesmente porque perde (ou ganha) tempo falando com eles sobre os castanheiros do caminho.
Possivelmente nem se apercebem o quanto nos aquecem a alma, o quanto nos ensinam, o quanto lhes devemos por se manterem firmes naquela vida dura. Sem eles a paisagem fica sem sentido, sem vida.
Continuo encosta acima, em direcção à neblina. Recomeça a nevar, mas ao invés de ser desagradável, dá-nos uma inebriante sensação de bem-estar, de aventura. É o que dá viver à beira-mar; a simples diferença da água cair sob a forma sólida torna algo aborrecido na melhor das experiências.
Quando chego, espera-me um albergue quentinho, o sorriso sincero da hospitaleira, e apesar do cansaço uma enorme vontade de registar todas as memórias no diário de viagem.
Mas não há caderno onde se possa descrever tudo o que se viveu, nem palavras para explicar o que apenas se pode sentir.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Passeio a pé por Lisboa Antiga
No próximo dia 27 de Novembro vou efectuar um passeio pela Lisboa Antiga com visitas guiadas a alguns dos monumentos da cidade.
Neste passeio vamos percorrer a pé as ruas e praças da Baixa Lisboeta, as ruelas e becos da Lisboa medieval, assim como o Chiado do Romantismo.
Venham conhecer a cidade de uma outra forma.
Se quiserem participar é só inscreverem-se através do site da Papa-léguas ou via telefone.
http://www.papa-leguas.com/index.cfm?sec=0201000000&ActividadeID=135
Neste passeio vamos percorrer a pé as ruas e praças da Baixa Lisboeta, as ruelas e becos da Lisboa medieval, assim como o Chiado do Romantismo.
Venham conhecer a cidade de uma outra forma.
Se quiserem participar é só inscreverem-se através do site da Papa-léguas ou via telefone.
http://www.papa-leguas.com/index.cfm?sec=0201000000&ActividadeID=135
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Albergues
A experiência vivida no alojamento marca muito uma viagem.
A sua escolha (local e tipologia), caracteriza o tipo de viajante que somos, o que procuramos, a nossa atitude e modela os nossos comportamentos.
Numa travessia a solo é o ponto de encontro, o local de socialização após um dia, ou vários dias sozinho, o local de conforto, por muito pequeno que este seja.
Satisfaz a nossa necessidade quase inata de nos abrigarmos durante a noite.
Assim, muitas das histórias que temos das nossas viagens são passadas aí, entre quatro paredes, sejam elas de madeira, pedra ou pano.
“Albergava” eu em Pamplona, quando eis se não quando me entra uma equipa de reportagem na cozinha para registar imagens do albergue.
Cá para mim ainda vamos aparecer num programa sobre o Caminho de Santiago. - penso para comigo.
Logo hoje que estou cansado, com olheiras da viagem e de óculos postos.
Bem, é da maneira que não me filmam. Ninguém quer filmar um caixa-de-óculos!
Felizmente saíram rapidamente. A última coisa que quero é uma câmara apontada à cara e responder a perguntas sobre a razão de estar ali. Já basta os que me perguntam “A pé? Para quê? Vai de carro que é mais rápido e vês o mesmo.”
Vejo mesmo? Será? E sentir faz parte de ver?
Bom, mas a cozinha de um albergue é o local multicultural por excelência.
Reparem, todos tomamos duche da mesma maneira (uns mais que outros é certo), todos ressonam da mesma forma (uns mais que outros é certo), mas a alimentação, mesmo na Era da Globalização, ainda é distinta de país para país, de continente para continente. O horário também. Quando os Asiáticos, Nórdicos e os viajantes oriundos da Europa Ocidental e Central vão dormir, chegam os Espanhóis para começar a preparar calamares e falar naquele ritmo alucinante.
Na mesa do lado estão dois casais de coreanos. Uma das senhoras cozinha uma massa de arroz cozido espalmado e passado pela frigideira para os outros três. São uma espécie de aperitivos segundo me parece. Fica interessada no meu refogado e diz que cheira bem. Insiste para que coma aquela espécie de panqueca. Aceito e provo uma. É agradável. Mas volto à minha massa, apesar da insistência da senhora. Cá para mim fez arroz a mais e quer despachar isto. Ou então está farta de arroz e quer uma massa com tempero mediterrânico para variar.
Na mesa da frente, duas raparigas francesas comem “sushi campista”, ou seja, atum em lata. O cheiro é inconfundível.
O português, não podendo levar os chouriços, os queijos e o “casqueiro”, leva o azeite para “temperar” as saudades.
Bom, mas é hora de me ir deitar e ouvir a sinfonia dalguns companheiros de quarto. Com a barriga cheia vamos lá ver se não fazemos uma rapsódia.
A sua escolha (local e tipologia), caracteriza o tipo de viajante que somos, o que procuramos, a nossa atitude e modela os nossos comportamentos.
Numa travessia a solo é o ponto de encontro, o local de socialização após um dia, ou vários dias sozinho, o local de conforto, por muito pequeno que este seja.
Satisfaz a nossa necessidade quase inata de nos abrigarmos durante a noite.
Assim, muitas das histórias que temos das nossas viagens são passadas aí, entre quatro paredes, sejam elas de madeira, pedra ou pano.
“Albergava” eu em Pamplona, quando eis se não quando me entra uma equipa de reportagem na cozinha para registar imagens do albergue.
Cá para mim ainda vamos aparecer num programa sobre o Caminho de Santiago. - penso para comigo.
Logo hoje que estou cansado, com olheiras da viagem e de óculos postos.
Bem, é da maneira que não me filmam. Ninguém quer filmar um caixa-de-óculos!
Felizmente saíram rapidamente. A última coisa que quero é uma câmara apontada à cara e responder a perguntas sobre a razão de estar ali. Já basta os que me perguntam “A pé? Para quê? Vai de carro que é mais rápido e vês o mesmo.”
Vejo mesmo? Será? E sentir faz parte de ver?
Bom, mas a cozinha de um albergue é o local multicultural por excelência.
Reparem, todos tomamos duche da mesma maneira (uns mais que outros é certo), todos ressonam da mesma forma (uns mais que outros é certo), mas a alimentação, mesmo na Era da Globalização, ainda é distinta de país para país, de continente para continente. O horário também. Quando os Asiáticos, Nórdicos e os viajantes oriundos da Europa Ocidental e Central vão dormir, chegam os Espanhóis para começar a preparar calamares e falar naquele ritmo alucinante.
Na mesa do lado estão dois casais de coreanos. Uma das senhoras cozinha uma massa de arroz cozido espalmado e passado pela frigideira para os outros três. São uma espécie de aperitivos segundo me parece. Fica interessada no meu refogado e diz que cheira bem. Insiste para que coma aquela espécie de panqueca. Aceito e provo uma. É agradável. Mas volto à minha massa, apesar da insistência da senhora. Cá para mim fez arroz a mais e quer despachar isto. Ou então está farta de arroz e quer uma massa com tempero mediterrânico para variar.
Na mesa da frente, duas raparigas francesas comem “sushi campista”, ou seja, atum em lata. O cheiro é inconfundível.
O português, não podendo levar os chouriços, os queijos e o “casqueiro”, leva o azeite para “temperar” as saudades.
Bom, mas é hora de me ir deitar e ouvir a sinfonia dalguns companheiros de quarto. Com a barriga cheia vamos lá ver se não fazemos uma rapsódia.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Artigo na Itinerante
A revista Itinerante é uma nova publicação trimestral sobre conhecer Portugal através das caminhadas.
É temática e o número que saíu este mês é sobre o Caminho de Santiago.
Ainda só sairam duas, uma sobre os Faróis e outra sobre as Invasões Francesas. Tem vários artigos de fundo com especialistas no tema central e pequenos artigos escritos por outras pessoas... como eu.
Tenho uma pequena crónica/testemunho e 3 fotografias. É fácil de perceberem quais são, até porque possivelmente já as viram :)
Se tiverem curiosidade passem por uma papelaria e digam de vossa justiça.
É temática e o número que saíu este mês é sobre o Caminho de Santiago.
Ainda só sairam duas, uma sobre os Faróis e outra sobre as Invasões Francesas. Tem vários artigos de fundo com especialistas no tema central e pequenos artigos escritos por outras pessoas... como eu.
Tenho uma pequena crónica/testemunho e 3 fotografias. É fácil de perceberem quais são, até porque possivelmente já as viram :)
Se tiverem curiosidade passem por uma papelaria e digam de vossa justiça.
sábado, 10 de julho de 2010
Livros de viagem - Lista
Depois de ter colocado um artigo/desafio sobre livros de viagem está na hora de compilar e colocar disponíveis as várias sugestões que foram enviadas através dos comentários e do e-mail.
O objectivo é criar uma listagem de livros de viagem.
A passo de Caranguejo - Umberto Eco.
Páginas da Peregrinação - Fernão Mendes Pinto
Moby Dick - Herman Melville
Na Patagónia - Bruce Chatwin
O mundo do fim do mundo - Luís Sepúlveda
Patagónia Express - Luís Sepúlveda
Planisfério Pessoal - Gonçalo Cadilhe
A Lua pode esperar - Gonçalo Cadilhe
África Acima - Gonçalo Cadilhe
Pedalar devagar - 4 anos de bicicleta pela Ásia - Valérie e Joao Fonseca
Into the Wild - J. Krakauer
The Call of the Wild - Jack London
O rio de luz - Javier Reverte
Espelhos - Eduardo Galeano
As Veias Abertas da América - Eduardo Galeano
Breve história de tudo - Bill Bryson
Motorcycle Diaries - Che Guevara
As viagens de Gulliver - L. Gulliver
Voyages of the Beagle - C. Darwin
Passageiro Frequente - Mia Couto
As Viagens de Marco Polo - Rota da Seda
Nem aqui, nem ali - Bill Bryson
Abraço
Fico à espera de novas sugestões e também irei acrescentado novos títulos a esta lista.
O objectivo é criar uma listagem de livros de viagem.
A passo de Caranguejo - Umberto Eco.
Páginas da Peregrinação - Fernão Mendes Pinto
Moby Dick - Herman Melville
Na Patagónia - Bruce Chatwin
O mundo do fim do mundo - Luís Sepúlveda
Patagónia Express - Luís Sepúlveda
Planisfério Pessoal - Gonçalo Cadilhe
A Lua pode esperar - Gonçalo Cadilhe
África Acima - Gonçalo Cadilhe
Pedalar devagar - 4 anos de bicicleta pela Ásia - Valérie e Joao Fonseca
Into the Wild - J. Krakauer
The Call of the Wild - Jack London
O rio de luz - Javier Reverte
Espelhos - Eduardo Galeano
As Veias Abertas da América - Eduardo Galeano
Breve história de tudo - Bill Bryson
Motorcycle Diaries - Che Guevara
As viagens de Gulliver - L. Gulliver
Voyages of the Beagle - C. Darwin
Passageiro Frequente - Mia Couto
As Viagens de Marco Polo - Rota da Seda
Nem aqui, nem ali - Bill Bryson
Abraço
Fico à espera de novas sugestões e também irei acrescentado novos títulos a esta lista.
sábado, 3 de julho de 2010
Notas de um Caminho Primitivo
Como se decide? Porque se decide partir para fazer 550 km a pé com uma mochila às costas?
Sempre que preciso de fazer o que designo de purga (social leia-se), sair da zona de conforto, faço uma viagem destas, algumas delas no Caminho de Santiago. Desta vez escolho o Caminho del Salvador que liga Léon a Oviedo, seguindo-se o Primitivo até Santiago e daí o prolongamento até Finisterra e Muxía.
Na Gare do Oriente entro num autocarro para Salamanca que tal como na música dos Xutos, “Ainda não tinha saído e já estava atrasado”. Até Salamanca são nove horas de distância e um transbordo em Albergaria.
Em Vilar Formoso apanho um controlo de fronteira na Europa comunitária. Uma cidadã chinesa é interpelada pelo polícia que lhe pede o passaporte e o leva para o posto. O autocarro fica ali parado à espera até que a situação se resolva. Demorou tanto tempo que estava a disposto a legalizá-la eu próprio só para podermos seguir. Ela manteve-se ali impávida e serena. Não lhe vi os olhos arregalarem-se. Não se arredondaram nem um bocadinho.
Chego a Salamanca a tempo de comprar o bilhete para Léon e um pouco de comida para os primeiros dias. No dia seguinte é quinta-feira de Páscoa e até sábado está tudo fechado.
Entro num autocarro apinhado de estudantes que regressam a casa para a Semana Santa para efectuar o derradeiro trajecto de três horas desta odisseia. Quando chego, ao fim de tantas horas, penso que me enganei e fui até à Escandinávia.
Mas o que eu quero é caminhar e de manhã bem cedo começo o itinerário que me levará a Oviedo em 4 etapas, atravessando a Cordilheira Cantábrica coberta de neve, pastos, pequenos povoados onde o silêncio só é quebrado pelos cães e onde o perfume a lenha queimada é uma constante.
Chego a Oviedo no domingo de Páscoa, mesmo a tempo de assistir à Procissão del Resucitado, onde as confrarias de homens encapuzados percorrem as ruas do centro histórico seguidas do andor com a imagem de Jesus Cristo. Segue-se uma fababa de javali para tirar a barriga de misérias.
Com a dureza das primeiras etapas surgem as dores no corpo, até nos adaptarmos ao peso da mochila e à frequência de caminhadas, mas a vontade de continuar, e o apelo do caminho são o melhor tónico.
O Caminho Primitivo, apesar de seguir o itinerário seguido por Afonso II no séc. IX aquando da primeira peregrinação a Campus Stellae, é dos menos percorridos. Assim, é possível encontrar o isolamento, observar inúmeros animais e visitar antigos hospitais de peregrinos em ruínas, sempre com as montanhas e vales cobertos de nuvens como pano de fundo
No caminho aprendemos a separar o essencial do acessório, despojamo-nos de quase tudo o que não interessa e regressamos aos nossos instintos mais básicos. O nosso cérebro passa a funcionar em função do que vamos comer, onde iremos obter essa a comida (que nos locais mais isolados pode ser difícil), onde nos abrigaremos durante a noite. Quando chego ao albergue, lavo roupa para aproveitar o maior número de horas sol possível, tomo duche e só depois preparo uma refeição. No fundo, sou uma autêntica “fada do lar”.
O Caminho quando feito a solo é muito introspectivo. Tempo para pensar é o que não falta, e essa é uma das maiores mais-valias que podemos tirar de uma experiência destas.
Quando chego a Santiago vejo inúmeros peregrinos sentados na Praça do Obradoiro, após a missa ao final da manhã em que assistiram à impressionante cerimónia em que o botafumeiro percorre a nave da catedral balançando sobre as nossas cabeças e abraçarem a imagem do Santo. São os rituais associados à chegada ao destino final.
Revêem-se caras com que nos cruzámos num qualquer bosque, num qualquer albergue, vêem-se sorrisos, vêem-se lágrimas, vêem-se muitos coxeando para lá e para cá. São marcas da vontade, da perseverança, do alento que muitos procuram neste Caminho.
Como um polvo à Gallega e uns pimentos de Padrón para comemorar, mas a minha viagem não termina aqui.
Sigo para oeste até ao cabo Finisterra onde admiro o pôr-do-sol, como um pagão na Era Pré-Cristã. Não cumpro a tradição de queimar a roupa. Não porque não tenha pecados e não precise de purificar a alma, mas apenas porque ainda continuarei até Muxía. Aí sim, termino este périplo de onde certamente regresso uma pessoa diferente. E essa sensação é o melhor que uma viagem nos pode dar.
Sempre que preciso de fazer o que designo de purga (social leia-se), sair da zona de conforto, faço uma viagem destas, algumas delas no Caminho de Santiago. Desta vez escolho o Caminho del Salvador que liga Léon a Oviedo, seguindo-se o Primitivo até Santiago e daí o prolongamento até Finisterra e Muxía.
Na Gare do Oriente entro num autocarro para Salamanca que tal como na música dos Xutos, “Ainda não tinha saído e já estava atrasado”. Até Salamanca são nove horas de distância e um transbordo em Albergaria.
Em Vilar Formoso apanho um controlo de fronteira na Europa comunitária. Uma cidadã chinesa é interpelada pelo polícia que lhe pede o passaporte e o leva para o posto. O autocarro fica ali parado à espera até que a situação se resolva. Demorou tanto tempo que estava a disposto a legalizá-la eu próprio só para podermos seguir. Ela manteve-se ali impávida e serena. Não lhe vi os olhos arregalarem-se. Não se arredondaram nem um bocadinho.
Chego a Salamanca a tempo de comprar o bilhete para Léon e um pouco de comida para os primeiros dias. No dia seguinte é quinta-feira de Páscoa e até sábado está tudo fechado.
Entro num autocarro apinhado de estudantes que regressam a casa para a Semana Santa para efectuar o derradeiro trajecto de três horas desta odisseia. Quando chego, ao fim de tantas horas, penso que me enganei e fui até à Escandinávia.
Mas o que eu quero é caminhar e de manhã bem cedo começo o itinerário que me levará a Oviedo em 4 etapas, atravessando a Cordilheira Cantábrica coberta de neve, pastos, pequenos povoados onde o silêncio só é quebrado pelos cães e onde o perfume a lenha queimada é uma constante.
Chego a Oviedo no domingo de Páscoa, mesmo a tempo de assistir à Procissão del Resucitado, onde as confrarias de homens encapuzados percorrem as ruas do centro histórico seguidas do andor com a imagem de Jesus Cristo. Segue-se uma fababa de javali para tirar a barriga de misérias.
Com a dureza das primeiras etapas surgem as dores no corpo, até nos adaptarmos ao peso da mochila e à frequência de caminhadas, mas a vontade de continuar, e o apelo do caminho são o melhor tónico.
O Caminho Primitivo, apesar de seguir o itinerário seguido por Afonso II no séc. IX aquando da primeira peregrinação a Campus Stellae, é dos menos percorridos. Assim, é possível encontrar o isolamento, observar inúmeros animais e visitar antigos hospitais de peregrinos em ruínas, sempre com as montanhas e vales cobertos de nuvens como pano de fundo
No caminho aprendemos a separar o essencial do acessório, despojamo-nos de quase tudo o que não interessa e regressamos aos nossos instintos mais básicos. O nosso cérebro passa a funcionar em função do que vamos comer, onde iremos obter essa a comida (que nos locais mais isolados pode ser difícil), onde nos abrigaremos durante a noite. Quando chego ao albergue, lavo roupa para aproveitar o maior número de horas sol possível, tomo duche e só depois preparo uma refeição. No fundo, sou uma autêntica “fada do lar”.
O Caminho quando feito a solo é muito introspectivo. Tempo para pensar é o que não falta, e essa é uma das maiores mais-valias que podemos tirar de uma experiência destas.
Quando chego a Santiago vejo inúmeros peregrinos sentados na Praça do Obradoiro, após a missa ao final da manhã em que assistiram à impressionante cerimónia em que o botafumeiro percorre a nave da catedral balançando sobre as nossas cabeças e abraçarem a imagem do Santo. São os rituais associados à chegada ao destino final.
Revêem-se caras com que nos cruzámos num qualquer bosque, num qualquer albergue, vêem-se sorrisos, vêem-se lágrimas, vêem-se muitos coxeando para lá e para cá. São marcas da vontade, da perseverança, do alento que muitos procuram neste Caminho.
Como um polvo à Gallega e uns pimentos de Padrón para comemorar, mas a minha viagem não termina aqui.
Sigo para oeste até ao cabo Finisterra onde admiro o pôr-do-sol, como um pagão na Era Pré-Cristã. Não cumpro a tradição de queimar a roupa. Não porque não tenha pecados e não precise de purificar a alma, mas apenas porque ainda continuarei até Muxía. Aí sim, termino este périplo de onde certamente regresso uma pessoa diferente. E essa sensação é o melhor que uma viagem nos pode dar.
sábado, 12 de junho de 2010
Cirque de Gavarnie - Pirenéus Franceses
O Circo de Gavarnie é um local de visita incontornável nos Piréneus Franceses.
Há inúmeros trilhos naquela área com diversos níveis de dificuldade.
O acesso ao circo (nome do anfiteatro formado pelas montanhas) é feito através de um caminho fácil, e que pode ser percorrido a pé, de burro ou a cavalo.
A cascata é considerada a mais alta da Europa com 423 metros.
Todo o enquadramento da mesma é belíssimo e o desnível é tão grande que nos esmaga.
O topo dos picos com mais de 3000 metros são a fronteira entre França e Espanha.
Costumo dizer que olhando para aqueles paredões percebemos que do outro lado só podia estar outro país. Noutros tempos era uma barreira intransponível.
Há inúmeros trilhos naquela área com diversos níveis de dificuldade.
O acesso ao circo (nome do anfiteatro formado pelas montanhas) é feito através de um caminho fácil, e que pode ser percorrido a pé, de burro ou a cavalo.
A cascata é considerada a mais alta da Europa com 423 metros.
Todo o enquadramento da mesma é belíssimo e o desnível é tão grande que nos esmaga.
O topo dos picos com mais de 3000 metros são a fronteira entre França e Espanha.
Costumo dizer que olhando para aqueles paredões percebemos que do outro lado só podia estar outro país. Noutros tempos era uma barreira intransponível.
Eu sou suspeito porque já visitei este local algumas vezes mas aconselho quem nunca o fez, a assim que tiver oportunidade o faça. É um mundo magnífico que vai descobrir.
Vejam o álbum de fotografias da viagem em:
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Livros de Viagem - Fórum
Há uns dias escrevi neste blog sobre viagens, livros e o facto de muitos viajantes os considerarem inseparáveis amigos.
Por vezes é o livro que marca uma viagem, noutras ocasiões é a viagem a marcar o livro. Quantos de nós não associam um determinado livro a umas férias inesquecíveis?
Hoje o desafio é para que sugiram livros de viagem.
Os que vos tenham ficado gravados na memória, acompanhado numa viagem, ou tão simplesmente estimulado a partir para um determinado destino.
Estão com vergonha?
Está bem, eu começo:
Páginas da Peregrinação - Fernão Mendes Pinto
Na Patagónia - Bruce Chatwin
O mundo do fim do mundo - Luis Sepúlveda
Patagonia Express - Luís Sepúlveda
Moby Dick - H. Melville
Agora espero as vossas sugestões e se quiserem vossas viagens literárias.
Por vezes é o livro que marca uma viagem, noutras ocasiões é a viagem a marcar o livro. Quantos de nós não associam um determinado livro a umas férias inesquecíveis?
Hoje o desafio é para que sugiram livros de viagem.
Os que vos tenham ficado gravados na memória, acompanhado numa viagem, ou tão simplesmente estimulado a partir para um determinado destino.
Estão com vergonha?
Está bem, eu começo:
Páginas da Peregrinação - Fernão Mendes Pinto
Na Patagónia - Bruce Chatwin
O mundo do fim do mundo - Luis Sepúlveda
Patagonia Express - Luís Sepúlveda
Moby Dick - H. Melville
Agora espero as vossas sugestões e se quiserem vossas viagens literárias.
domingo, 23 de maio de 2010
Midi-Pyrénées - vídeo promocional da região
Este é o vídeo promocional de uma região de França que considero muito interessante.
Alia o seu rico e belíssimo património natural às componentes histórica e cultural.
Mas palavras para quê?
Como diria o Laurodérmio (personagem do Herman Enciclopédia):
"Let's look at a trail"
http://www.grandesparajes-midipyrenees.es/grands-sites-midi-pyrenees.php?extLang=en
Alia o seu rico e belíssimo património natural às componentes histórica e cultural.
Mas palavras para quê?
Como diria o Laurodérmio (personagem do Herman Enciclopédia):
"Let's look at a trail"
http://www.grandesparajes-midipyrenees.es/grands-sites-midi-pyrenees.php?extLang=en
sábado, 22 de maio de 2010
Livros e viagens
As viagens e os livros são como dois amigos inseparáveis.
Mesmo na era da internet e televisão, eles continuam a ser os responsáveis por desejarmos ir a algum lugar. Antes de partirmos fisicamente já o fizemos no mundo dos livros.
Muitas viagens começam, passam e acabam neles. Algumas nunca saem das suas páginas.
Quantos de nós não têm destinos que fazem parte do nosso imaginário porque lemos um livro de aventuras quando éramos crianças.
Em muitas viagens eles são os nossos únicos amigos acompanhando-nos por quilómetros e quilómetros. Costumo dizer que certos livros "têm mais quilómetros nas páginas" que muitas pessoas.
Eles podem descrever os locais, dar-nos conselhos, ou tão simplesmente falar sobre as experiências vividas num momento. Mas são mais fiéis que uma imagem, porque têm alma, têm o interior do autor.
Para mim é quase impossível viajar sem livros. Mesmo que alguns vão e regressem sem que os termine.
Quem não viajou na Patagónia com o Bruce Chatwin, Paul Theroux ou Luís Sepúlveda, percorreu os oceanos com Melville, ou tão simplemente deu a Volta ao Mundo em Oitenta Dias com o Júlio Verne?
Mesmo na era da internet e televisão, eles continuam a ser os responsáveis por desejarmos ir a algum lugar. Antes de partirmos fisicamente já o fizemos no mundo dos livros.
Muitas viagens começam, passam e acabam neles. Algumas nunca saem das suas páginas.
Quantos de nós não têm destinos que fazem parte do nosso imaginário porque lemos um livro de aventuras quando éramos crianças.
Em muitas viagens eles são os nossos únicos amigos acompanhando-nos por quilómetros e quilómetros. Costumo dizer que certos livros "têm mais quilómetros nas páginas" que muitas pessoas.
Eles podem descrever os locais, dar-nos conselhos, ou tão simplesmente falar sobre as experiências vividas num momento. Mas são mais fiéis que uma imagem, porque têm alma, têm o interior do autor.
Para mim é quase impossível viajar sem livros. Mesmo que alguns vão e regressem sem que os termine.
Quem não viajou na Patagónia com o Bruce Chatwin, Paul Theroux ou Luís Sepúlveda, percorreu os oceanos com Melville, ou tão simplemente deu a Volta ao Mundo em Oitenta Dias com o Júlio Verne?
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Sondagem
Depois do Fórum lançado há algum tempo, têm uma sondagem para participar.
É só clicar e ver os resultados. Vão ser divertidos.
É só clicar e ver os resultados. Vão ser divertidos.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Travessia do Rio Castro
No caminho entre Finisterra e Muxia, o Rio Castro é o único obstáculo mais difícil de passar.
Não é muito complicado desde que não seja na época das chuvas. Aí o caudal por vezes é forte e atravessá-lo torna-se impossível. No entanto, há que ter cuidado com as pedras do passadiço que por estarem submersas são escorregadias, tendo algumas sido deslocadas pela força da corrente.
sábado, 24 de abril de 2010
Album de fotos e videos de viagem
Há um novo album de fotos e novos vídeos no Facebook da última viagem.
Aqui está o link:
http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100000291745006
Aqui está o link:
http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100000291745006
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Caminho del Salvador - Espanha
O caminho del Salvador liga as cidades de Léon em Castilla-Léon e de Oviedo na região das Astúrias. Sendo um itinerário que atravessa a cordilheira cantábrica aconselha-se que não iniciem a caminhada em Léon, ou caso o façam optem por efectuá-lo em 5 jornadas.
Essas etapas anteriores ajudam a que o corpo se adapte ao peso da mochila e ao esforço evitando lesões que podem acabar com a viagem ou torná-la menos interessante e muito desconfortável.
Caso se faça este percurso entre o Outono e início da Primavera há que ter atenção às condições meteorológicas na montanha e ter material e preparação física adequados às situações. A neve surge com frequência e acumula-se nos pontos mais altos durante vários meses.
Eu fiz os cerca de 120 km em 4 etapas.
A primeira etapa liga Léon a Buiza e tem a extensão de 40 km. Há igualmente a possibilidade de ficar em La Robla caso escolham fazê-lo em 5 etapas. Pode ser uma óptima opção para a adaptação.
O Albergue de Buiza é novo e situa-se à entrada da aldeia nas antigas escolas primárias.
Buiza não tem supermercado portanto se se pretende cozinhar é necessário abastecer-se antes de chegar.
A segunda e mais dura etapa do circuito é a que liga Buiza a Pajares. Esta etapa tem várias opções mas caso se faça pela montanha são 24,5 km de subidas e descidas íngremes e o desnível acumulado no final da etapa é grande. Nesta etapa a presença de neve é quase certa durante 6 meses (Outubro/Novembro a Abril).
Muita atenção quando se desce do Puerto de Pajares pela estrada. Não tem berma e tem muito tráfego de camiões. Sempre que se possa optar pelo trilho até Pajares.
O Albergue tem boas condições e há restaurante na localidade.
A 3ª etapa começa com uma descida muito íngreme até Santa Maria ao que se segue uma subida por um trilho em calçada até ao caminho que liga a Llanos de Somerón.
A partir daí começa a ser essencialmente a descer sendo que existem pedaços coincidentes com a estrada nacional.
Mieres del Camiño é uma pequena cidade com um polígono industrial enorme e uma história ligada à exploração mineira nas Astúrias.
O Albergue fica em La Peña uma localidade a 1 km em direcção a Oviedo que segundo me informaram é um local de casas custos controlados.
Se pretende comer no albergue o melhor é abastecer-se em Mieres que tem diversos supermercados e restaurantes.
A 4º etapa tem apenas 19 km até à belíssima cidade de Oviedo. O trilho não é difícil e tem alguns miradouros sobre a cordilheira cantábrica que merecem uma paragem para a contemplar. O percurso urbano está bem marcado e termina na Catedral.
Terminá-lo num Domingo de Páscoa tem a vantagem de poder ver a procissão com os encapuzados e usufruir de toda a ambiência própria desta quadra tão importante em Espanha.
Essas etapas anteriores ajudam a que o corpo se adapte ao peso da mochila e ao esforço evitando lesões que podem acabar com a viagem ou torná-la menos interessante e muito desconfortável.
Caso se faça este percurso entre o Outono e início da Primavera há que ter atenção às condições meteorológicas na montanha e ter material e preparação física adequados às situações. A neve surge com frequência e acumula-se nos pontos mais altos durante vários meses.
Eu fiz os cerca de 120 km em 4 etapas.
A primeira etapa liga Léon a Buiza e tem a extensão de 40 km. Há igualmente a possibilidade de ficar em La Robla caso escolham fazê-lo em 5 etapas. Pode ser uma óptima opção para a adaptação.
O Albergue de Buiza é novo e situa-se à entrada da aldeia nas antigas escolas primárias.
Buiza não tem supermercado portanto se se pretende cozinhar é necessário abastecer-se antes de chegar.
Muita atenção quando se desce do Puerto de Pajares pela estrada. Não tem berma e tem muito tráfego de camiões. Sempre que se possa optar pelo trilho até Pajares.
O Albergue tem boas condições e há restaurante na localidade.
A 3ª etapa começa com uma descida muito íngreme até Santa Maria ao que se segue uma subida por um trilho em calçada até ao caminho que liga a Llanos de Somerón.
A partir daí começa a ser essencialmente a descer sendo que existem pedaços coincidentes com a estrada nacional.
Mieres del Camiño é uma pequena cidade com um polígono industrial enorme e uma história ligada à exploração mineira nas Astúrias.
O Albergue fica em La Peña uma localidade a 1 km em direcção a Oviedo que segundo me informaram é um local de casas custos controlados.
Se pretende comer no albergue o melhor é abastecer-se em Mieres que tem diversos supermercados e restaurantes.
A 4º etapa tem apenas 19 km até à belíssima cidade de Oviedo. O trilho não é difícil e tem alguns miradouros sobre a cordilheira cantábrica que merecem uma paragem para a contemplar. O percurso urbano está bem marcado e termina na Catedral.
Terminá-lo num Domingo de Páscoa tem a vantagem de poder ver a procissão com os encapuzados e usufruir de toda a ambiência própria desta quadra tão importante em Espanha.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Caminho Primitivo de Santiago
Depois de percorrer o Caminho del Salvador entre Léon e Oviedo, continuei pelo Caminho Primitivo desde Oviedo até Santiago de Compostela. Este é o primeiro Caminho de Santiago que existiu daí o seu nome.
Contudo é um dos menos percorridos, a par do del Salvador por ser todo pela montanha e consequentemente mais exigente do ponto de vista físico.
Do ponto de vista paisagístico é dos mais bonitos.
Aqui ficam algumas das fotos.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Fotos do Caminho Del Salvador - Espanha
Uma viagem ecológica - a reciclagem chega aos sapatos.
A carpete da casa-de-banho da minha avó era assim.
O trilho de ascenção ao planalto e ao primeiro colo do dia.
Depois de sair Buiza às 7.30h da manhã começa a nevar.
Lá em cima no planalto estava assim.
O saloio de Lisboa fica contente com a neve e o frio.
Estava fresquinho aqui, mas a paisagem valia o esforço.
Vista da janela do Albergue de Pajares
Alguns dos muitos cavalos da viagem
Como diria o Fernando Pessa - E esta hein?
Asturiano vestido a rigor - Oviedo
Oviedo - mercado no Domingo de Páscoa
Procissão de Domingo de Páscoa em Oviedo
quinta-feira, 25 de março de 2010
Partidas
Porque é que temos desejo de partir? Porque é que alguns o têm mais que outros?
Que razões nos levam a sair do nosso meio social e partir para outro?
Muitas vezes será uma forma de sair de uma situação de desconforto. Descontrair ou o recente "destressar".
Para mim é a descoberta, a aprendizagem sobre mim e sobre os outros, a saída da zona de conforto para poder dar-lhe valor, para ganhar tolerância, mas também o constatar do que podia ter melhor umas vezes e o que tenho de agradecer por ter noutras.
E para vocês? Qual a razão de viajarem ou ficarem, de escolherem um destino e não outro (se excluirmos as económicas)?
Sim vocês os 3 que lêem este blog :)
domingo, 21 de março de 2010
Há novas fotos e vídeos no meu facebook.
Se quiserem dar uma espreitadela está aqui o link.
http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100000291745006
Se quiserem dar uma espreitadela está aqui o link.
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segunda-feira, 8 de março de 2010
Parapente nas Furnas
Este ano numa semana de descanso no Verão assisti ao Open de parapente nas Furnas em S. Miguel.
O ponto de descolagem era próximo do miradouro do Salto do Cavalo.
Fiquei com uma enorme inveja dos participantes. Deve ser fabuloso ver aquela cratera do ar.
Quem sabe um dia não seja a minha vez?...
O ponto de descolagem era próximo do miradouro do Salto do Cavalo.
Fiquei com uma enorme inveja dos participantes. Deve ser fabuloso ver aquela cratera do ar.
Quem sabe um dia não seja a minha vez?...
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Navarrenx – Béarn des Gaves
O Café du Centre foi o primeiro local onde entrei em Navarrenx, depois da boleia que o Gregory me deu desde a saída de Orthez.
O meu “motorista” é um tipo novo, muito simpático, que já esteve em diversos países porque trabalhou como técnico de máquinas em barcos de cruzeiro. Actualmente vive perto de Navarrenx. Foi uma boleia agradável devido ao tempo que se fazia sentir e pela conversa que fomos mantendo até ao meu destino.
Chove há mais de 24 horas e confesso que não me apetecia andar mais um dia inteiro, mais 30 km a pé debaixo de água. Não estou em peregrinação.
A vila tem um nome que mais parece ter saído dos livros do Astérix, no entanto é conhecida como a capital da pesca ao salmão.
O Gave d’Oloron é um dos melhores rios de montanha da Europa para a captura dos salmões que o sobem durante a Primavera. Daí que desde 1955 (com algumas interrupções pelo meio) se realize todos os anos um campeonato de pesca, que nos três primeiros anos era igualmente o europeu da especialidade.
Pelo menos neste caso temos a garantia que o peixe é fresco, o mesmo não se podia dizer do da banca do Ordralfabetix, o peixeiro dos irredutíveis gauleses.
Aproveito a manhã para ir enviando postais, e actualizando o meu blogue sobre a viagem, no computador do café. Mas estes vídeos nunca mais descarregam? O cheirinho da comida está a deixar-me louco.
Desconfio que aqui se deve comer bem porque está a encher rapidamente e com pessoal da terra.
É bom sinal. Ou a comida é boa, ou não presta e os clientes não se apercebem.
Aqui toda a gente é recebida com um sorriso e aos clientes habituais, o dono, Jean Pierre diz:
Estamos fechados!
Curiosamente a dona do restaurante é parecida com uma personagem do Astérix e o Escudo Auvergne. É muito simpática e diz-me que se quiser deixar a mochila e dar uma volta pela vila, ela guarda-a para mim.
Para além disso disponibilizou-se para me fazer um bife com batatas fritas e salada com molho de vinagrete fantástico, algo que não vinha ementa. Estava excelente!
É o Jean Pierre quem cozinha. Enorme, vestido com um avental branco, faz lembrar os cozinheiros das tabernas antigas. Está constantemente a mandar piadas aos habitués.
Ainda comi uma garbure de entrada. Consiste numa sopa de legumes com carne e gordura de pato. Estava apuradinha.
Agora vem a sobremesa… mas isto nunca mais acaba.
Acho que vou ter mesmo de ir dar uma volta para moer isto tudo…
Assim como assim, estou na primeira cidade fortificada de França e que mais parece saída de um livro, tal é a sua beleza.
O meu “motorista” é um tipo novo, muito simpático, que já esteve em diversos países porque trabalhou como técnico de máquinas em barcos de cruzeiro. Actualmente vive perto de Navarrenx. Foi uma boleia agradável devido ao tempo que se fazia sentir e pela conversa que fomos mantendo até ao meu destino.
Chove há mais de 24 horas e confesso que não me apetecia andar mais um dia inteiro, mais 30 km a pé debaixo de água. Não estou em peregrinação.
A vila tem um nome que mais parece ter saído dos livros do Astérix, no entanto é conhecida como a capital da pesca ao salmão.
O Gave d’Oloron é um dos melhores rios de montanha da Europa para a captura dos salmões que o sobem durante a Primavera. Daí que desde 1955 (com algumas interrupções pelo meio) se realize todos os anos um campeonato de pesca, que nos três primeiros anos era igualmente o europeu da especialidade.
Pelo menos neste caso temos a garantia que o peixe é fresco, o mesmo não se podia dizer do da banca do Ordralfabetix, o peixeiro dos irredutíveis gauleses.
Aproveito a manhã para ir enviando postais, e actualizando o meu blogue sobre a viagem, no computador do café. Mas estes vídeos nunca mais descarregam? O cheirinho da comida está a deixar-me louco.
Desconfio que aqui se deve comer bem porque está a encher rapidamente e com pessoal da terra.
É bom sinal. Ou a comida é boa, ou não presta e os clientes não se apercebem.
Aqui toda a gente é recebida com um sorriso e aos clientes habituais, o dono, Jean Pierre diz:
Estamos fechados!
Curiosamente a dona do restaurante é parecida com uma personagem do Astérix e o Escudo Auvergne. É muito simpática e diz-me que se quiser deixar a mochila e dar uma volta pela vila, ela guarda-a para mim.
Para além disso disponibilizou-se para me fazer um bife com batatas fritas e salada com molho de vinagrete fantástico, algo que não vinha ementa. Estava excelente!
É o Jean Pierre quem cozinha. Enorme, vestido com um avental branco, faz lembrar os cozinheiros das tabernas antigas. Está constantemente a mandar piadas aos habitués.
Ainda comi uma garbure de entrada. Consiste numa sopa de legumes com carne e gordura de pato. Estava apuradinha.
Agora vem a sobremesa… mas isto nunca mais acaba.
Acho que vou ter mesmo de ir dar uma volta para moer isto tudo…
Assim como assim, estou na primeira cidade fortificada de França e que mais parece saída de um livro, tal é a sua beleza.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
As várias vertentes do final de um caminho
Termino hoje o meu Caminho de Santiago.
É a segunda vez que o faço, embora desta vez tenha vindo apenas de Astorga.
Fui até à Catedral e como é Domingo de manhã estava a haver missa.
Cheguei precisamente no momento em que estavam a realizar a cerimónia com o turíbulo. Assisti ao momento em que esse enorme porta-incenso, o maior do mundo diga-se, percorre toda a nave passando por cima da cabeça de todos presentes, sendo controlado através de uma corda, por um conjunto de homens no centro da Catedral.
É impressionante!
Confesso que o meu contacto com esta prática foi de certa forma engraçado porque não estava nada à espera que tal estivesse a decorrer.
Assim, quando entrei na porta do templo, vi algo lá ao longe, no topo, do lado contrário da nave, a deitar fumo e que de súbito começou aumentar de tamanho à medida que vinha mesmo, mesmo na minha direcção.
Pensei… Então, um homem vem fazer o caminho e vai na volta e leva com isto em cima à chegada?!...
Afinal passa por cima de nós, sobe até ao alto da nave e vai a grande velocidade para o outro lado.
Dei uns passitos ao lado e fiquei a assistir.
Chamem-me esquisito mas tenho para mim que se aquilo se soltar e acertar em alguém é capaz de não dar muita saúde.
Saí para a Praça do Obradoiro e fui buscar a Compostelana, o documento que atesta que fizemos pelo menos os últimos 100 km do caminho a pé.
Estava eu no posto de apoio ao peregrino quando entra um rapaz todo equipado para andar de bicicleta para vir buscar o seu certificado. Tirou o capacete, começou a falar com a empregada do posto e disse. Sou português.
A rapariga sorriu e disse-lhe que eu também era.
Ele vira-se para mim e pergunta-me de onde tinha partido. De Astorga respondi.
Isso é a quantos quilómetros? – perguntou-me.
São 275 km, disse-lhe eu.
Deixaste a bicicleta lá em baixo? – pergunta-me.
Não. Eu vim a pé. – respondi-lhe eu.
A pé?! F…-se! – exclamou.
Aquele vernáculo, dito com um sotaque carregado do Porto… foi impossível de não sorrir e muito menos de levar a mal, de tão genuíno e natural que foi.
Despedimo-nos e vim para uma taberna chamada “Os Sobrinhos do Abade” comer uns pimentos de Pádron, uma tábua de polvo à Galega, acompanhados de um belo pão galego e uma taça de vinho tinto, e acabar de escrever os últimos acontecimentos.
Haverá melhor maneira de acabar este périplo pela Galiza e parte de Castilla-Léon?
Ora deixa lá ver... Acho que não!
É a segunda vez que o faço, embora desta vez tenha vindo apenas de Astorga.
Fui até à Catedral e como é Domingo de manhã estava a haver missa.
Cheguei precisamente no momento em que estavam a realizar a cerimónia com o turíbulo. Assisti ao momento em que esse enorme porta-incenso, o maior do mundo diga-se, percorre toda a nave passando por cima da cabeça de todos presentes, sendo controlado através de uma corda, por um conjunto de homens no centro da Catedral.
É impressionante!
Confesso que o meu contacto com esta prática foi de certa forma engraçado porque não estava nada à espera que tal estivesse a decorrer.
Assim, quando entrei na porta do templo, vi algo lá ao longe, no topo, do lado contrário da nave, a deitar fumo e que de súbito começou aumentar de tamanho à medida que vinha mesmo, mesmo na minha direcção.
Pensei… Então, um homem vem fazer o caminho e vai na volta e leva com isto em cima à chegada?!...
Afinal passa por cima de nós, sobe até ao alto da nave e vai a grande velocidade para o outro lado.
Dei uns passitos ao lado e fiquei a assistir.
Chamem-me esquisito mas tenho para mim que se aquilo se soltar e acertar em alguém é capaz de não dar muita saúde.
Saí para a Praça do Obradoiro e fui buscar a Compostelana, o documento que atesta que fizemos pelo menos os últimos 100 km do caminho a pé.
Estava eu no posto de apoio ao peregrino quando entra um rapaz todo equipado para andar de bicicleta para vir buscar o seu certificado. Tirou o capacete, começou a falar com a empregada do posto e disse. Sou português.
A rapariga sorriu e disse-lhe que eu também era.
Ele vira-se para mim e pergunta-me de onde tinha partido. De Astorga respondi.
Isso é a quantos quilómetros? – perguntou-me.
São 275 km, disse-lhe eu.
Deixaste a bicicleta lá em baixo? – pergunta-me.
Não. Eu vim a pé. – respondi-lhe eu.
A pé?! F…-se! – exclamou.
Aquele vernáculo, dito com um sotaque carregado do Porto… foi impossível de não sorrir e muito menos de levar a mal, de tão genuíno e natural que foi.
Despedimo-nos e vim para uma taberna chamada “Os Sobrinhos do Abade” comer uns pimentos de Pádron, uma tábua de polvo à Galega, acompanhados de um belo pão galego e uma taça de vinho tinto, e acabar de escrever os últimos acontecimentos.
Haverá melhor maneira de acabar este périplo pela Galiza e parte de Castilla-Léon?
Ora deixa lá ver... Acho que não!
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Uma aventura… no autocarro
Voltei, voltei,Voltei de lá,
Ainda agora estava em França
E agora já estou cá.
Podia ser esta a banda sonora do final da minha viagem de 3 semanas pelo norte de Espanha e sul de França, mas não é. Felizmente, digo eu.
Saí de Lisboa no dia 3 de Abril de 2009 às 21h em direcção a Madrid num autocarro com um motorista com pouca educação e que se vê a léguas que adora o que faz.
O filme da noite? Ghost Rider, desculpem "o motoqueiro fantasma" com Nicolas Cage, legendado em Português do Brasil. É de ir às lágrimas. O filme é já de si uma autêntica desgraça.
Assim, torna-se num autêntico curso de inglês onmovie do qual destaco:
Hot shot - gostozão ou bonzão.
You're pissing me off - você está me deixando puto!
E "eu sei o que você está tentando fazer, eu assisto T.V. pra burro."
Depois de 20 dias magníficos regresso a Portugal.
Em Pamplona apanho um autocarro e sou brindado com 2 filmes dobrados em espanhol. Num Mr. Bean viaja por França e felizmente pouco fala. O curioso é que até os sons que faz são dobrados o que torna tudo ainda mais irreal.
Noutro vejo uma comédia romântica com Catherine Zeta Jones a fazer de cozinheira. Sempre serve para aprender os nomes dos alimentos em espanhol. Pena é que já estou de regresso.
No trajecto para Lisboa no dia 23 de Abril via Madrid tive o previlégio de ter o mesmo motorista e o mesmo filme da ida.
Ahhh, que saudades de ambos.
Nesse dia, para além do controlo de fronteira com direito a cães pisteiros e controlo de identificação, tive igualmente a oportunidade de assistir quase a uma cena de pugilato entre o motorista e um cliente por causa da temperatura do ar condicionado.
O que penso disto?... Gosto!
É revigorante assistir a gente com aquela energia às 4h da manhã.
Apesar do desconforto, de não compensar financeiramente (o avião chega a ser mais barato) continuo a gostar de viajar desta forma.
O que poderia acontecer num avião que se assemelhasse a isto?
Nada! Não estou a ver o piloto a pousar o copo de Champagne que era para a 1ª classe, e deixar a cabine para vir dar um murro no passageiro que apalpou a assistente de bordo. Mesmo que ela seja a sua amante.
É por saber que poderei viver experiências destas que estou desejoso de voltar a viajar.
Ainda agora estava em França
E agora já estou cá.
Podia ser esta a banda sonora do final da minha viagem de 3 semanas pelo norte de Espanha e sul de França, mas não é. Felizmente, digo eu.
Saí de Lisboa no dia 3 de Abril de 2009 às 21h em direcção a Madrid num autocarro com um motorista com pouca educação e que se vê a léguas que adora o que faz.
O filme da noite? Ghost Rider, desculpem "o motoqueiro fantasma" com Nicolas Cage, legendado em Português do Brasil. É de ir às lágrimas. O filme é já de si uma autêntica desgraça.
Assim, torna-se num autêntico curso de inglês onmovie do qual destaco:
Hot shot - gostozão ou bonzão.
You're pissing me off - você está me deixando puto!
E "eu sei o que você está tentando fazer, eu assisto T.V. pra burro."
Depois de 20 dias magníficos regresso a Portugal.
Em Pamplona apanho um autocarro e sou brindado com 2 filmes dobrados em espanhol. Num Mr. Bean viaja por França e felizmente pouco fala. O curioso é que até os sons que faz são dobrados o que torna tudo ainda mais irreal.
Noutro vejo uma comédia romântica com Catherine Zeta Jones a fazer de cozinheira. Sempre serve para aprender os nomes dos alimentos em espanhol. Pena é que já estou de regresso.
No trajecto para Lisboa no dia 23 de Abril via Madrid tive o previlégio de ter o mesmo motorista e o mesmo filme da ida.
Ahhh, que saudades de ambos.
Nesse dia, para além do controlo de fronteira com direito a cães pisteiros e controlo de identificação, tive igualmente a oportunidade de assistir quase a uma cena de pugilato entre o motorista e um cliente por causa da temperatura do ar condicionado.
O que penso disto?... Gosto!
É revigorante assistir a gente com aquela energia às 4h da manhã.
Apesar do desconforto, de não compensar financeiramente (o avião chega a ser mais barato) continuo a gostar de viajar desta forma.
O que poderia acontecer num avião que se assemelhasse a isto?
Nada! Não estou a ver o piloto a pousar o copo de Champagne que era para a 1ª classe, e deixar a cabine para vir dar um murro no passageiro que apalpou a assistente de bordo. Mesmo que ela seja a sua amante.
É por saber que poderei viver experiências destas que estou desejoso de voltar a viajar.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Escala em Madrid
Estou na estação de autocarros de Madrid (Av. América). Cheguei à Mendez Álvaro às 5.30h, ou seja, meia-hora mais cedo que o previsto. O autocarro vinha com apenas nove passageiros e só parou para os descansos obrigatórios e para deixar uma passageira em Badajoz.
O motorista não primava pela simpatia, como é habitual, mas não era dos piores que tenho apanhado.
Desta vez não tive uma molhada e a viagem tornou-se mais calma. Tentei dormir um pouco mas nunca me é muito fácil. Mesmo sem pessoas ao lado, não me adapto bem àquele espaço. Só o cansaço me consegue fazer dormitar. No início de viagem ele não está presente e o sono foge para outras paragens.
A brasileira do lado trazia uma almofada. Dormiu quase todo o trajecto. Devia ser uma habitué porque ela e o motorista pareciam conhecer-se doutras viagens.
Vinha igualmente um jovem "pintarolas" com uma playstation a ouvir música sem auscultadores e já me estava a irritar. Ainda por cima era daquelas só batuque. Acho que quando olhei para ele, a minha expressão deve ter dado a entender que já não estava satisfeito e ele lá desligou aquilo.
Agora estou a tomar o pequeno-almoço no café da estação da Av. América enquanto aguardo pelo meu transporte para Pamplona.
É às 8 horas e tenho de mudar em Soria. Houve umas alterações relativamente ao outro ano.
Ao meu lado estão três francesas a comer croissants.
Os empregados do café falam com elas em Espanhol a 100 à hora e elas ficam a olhar tentando abrandar a informação.
A segurança nestes terminais é muito mais apertada do que nós vemos em Portugal. O pessoal com aspecto duvidoso é na mesma proporção.
Há pouco um grupo de três jovens que viajam de mochila recebia por gestos e palavras propostas de sexo de dois tipos que aparentam ter chegado de uma discoteca.
Tenho visto alguns hoje pela manhã. É sábado logo deve ser mais habitual.
Cruzei-me com várias pessoas a viajar com mochilas às costas. Jovens e menos jovens, espanhóis, japoneses, coreanos, franceses, etc.
A primeira tostada com mantequilla e doce de morango e o primeiro café com leite da viagem já lá vão.
Certamente vão ser o meu pequeno-almoço em muitos dos dias. Aqui os bolos deixam muito a desejar. O café então…
Ainda faltam 30 minutos e é hora de começar o 1984 do George Orwell. A ver se é desta que o leio.
É dos livros mais viajados que conheço sem nunca ter sido lido. Trago-o em diversas das travessias a pé que faço, mas como opto por ler os jornais locais, conversar e ouvir histórias da população local ou doutros viajantes que vou conhecendo, acabo sempre por não lhe dar a devida atenção.
Lá vão as francesinhas...
O motorista não primava pela simpatia, como é habitual, mas não era dos piores que tenho apanhado.
Desta vez não tive uma molhada e a viagem tornou-se mais calma. Tentei dormir um pouco mas nunca me é muito fácil. Mesmo sem pessoas ao lado, não me adapto bem àquele espaço. Só o cansaço me consegue fazer dormitar. No início de viagem ele não está presente e o sono foge para outras paragens.
A brasileira do lado trazia uma almofada. Dormiu quase todo o trajecto. Devia ser uma habitué porque ela e o motorista pareciam conhecer-se doutras viagens.
Vinha igualmente um jovem "pintarolas" com uma playstation a ouvir música sem auscultadores e já me estava a irritar. Ainda por cima era daquelas só batuque. Acho que quando olhei para ele, a minha expressão deve ter dado a entender que já não estava satisfeito e ele lá desligou aquilo.
Agora estou a tomar o pequeno-almoço no café da estação da Av. América enquanto aguardo pelo meu transporte para Pamplona.
É às 8 horas e tenho de mudar em Soria. Houve umas alterações relativamente ao outro ano.
Ao meu lado estão três francesas a comer croissants.
Os empregados do café falam com elas em Espanhol a 100 à hora e elas ficam a olhar tentando abrandar a informação.
A segurança nestes terminais é muito mais apertada do que nós vemos em Portugal. O pessoal com aspecto duvidoso é na mesma proporção.
Há pouco um grupo de três jovens que viajam de mochila recebia por gestos e palavras propostas de sexo de dois tipos que aparentam ter chegado de uma discoteca.
Tenho visto alguns hoje pela manhã. É sábado logo deve ser mais habitual.
Cruzei-me com várias pessoas a viajar com mochilas às costas. Jovens e menos jovens, espanhóis, japoneses, coreanos, franceses, etc.
A primeira tostada com mantequilla e doce de morango e o primeiro café com leite da viagem já lá vão.
Certamente vão ser o meu pequeno-almoço em muitos dos dias. Aqui os bolos deixam muito a desejar. O café então…
Ainda faltam 30 minutos e é hora de começar o 1984 do George Orwell. A ver se é desta que o leio.
É dos livros mais viajados que conheço sem nunca ter sido lido. Trago-o em diversas das travessias a pé que faço, mas como opto por ler os jornais locais, conversar e ouvir histórias da população local ou doutros viajantes que vou conhecendo, acabo sempre por não lhe dar a devida atenção.
Lá vão as francesinhas...
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