segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Béarn

Ficam aqui algumas fotos do meu périplo pela região do Béarn no sul de França.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Navarrenx – Béarn des Gaves

O Café du Centre foi o primeiro local onde entrei em Navarrenx, depois da boleia que o Gregory me deu desde a saída de Orthez.
O meu “motorista” é um tipo novo, muito simpático, que já esteve em diversos países porque trabalhou como técnico de máquinas em barcos de cruzeiro. Actualmente vive perto de Navarrenx. Foi uma boleia agradável devido ao tempo que se fazia sentir e pela conversa que fomos mantendo até ao meu destino.
Chove há mais de 24 horas e confesso que não me apetecia andar mais um dia inteiro, mais 30 km a pé debaixo de água. Não estou em peregrinação.
A vila tem um nome que mais parece ter saído dos livros do Astérix, no entanto é conhecida como a capital da pesca ao salmão.
O Gave d’Oloron é um dos melhores rios de montanha da Europa para a captura dos salmões que o sobem durante a Primavera. Daí que desde 1955 (com algumas interrupções pelo meio) se realize todos os anos um campeonato de pesca, que nos três primeiros anos era igualmente o europeu da especialidade.
Pelo menos neste caso temos a garantia que o peixe é fresco, o mesmo não se podia dizer do da banca do Ordralfabetix, o peixeiro dos irredutíveis gauleses.
Aproveito a manhã para ir enviando postais, e actualizando o meu blogue sobre a viagem, no computador do café. Mas estes vídeos nunca mais descarregam? O cheirinho da comida está a deixar-me louco.
Desconfio que aqui se deve comer bem porque está a encher rapidamente e com pessoal da terra.
É bom sinal. Ou a comida é boa, ou não presta e os clientes não se apercebem.
Aqui toda a gente é recebida com um sorriso e aos clientes habituais, o dono, Jean Pierre diz:
Estamos fechados!
Curiosamente a dona do restaurante é parecida com uma personagem do Astérix e o Escudo Auvergne. É muito simpática e diz-me que se quiser deixar a mochila e dar uma volta pela vila, ela guarda-a para mim.
Para além disso disponibilizou-se para me fazer um bife com batatas fritas e salada com molho de vinagrete fantástico, algo que não vinha ementa. Estava excelente!
É o Jean Pierre quem cozinha. Enorme, vestido com um avental branco, faz lembrar os cozinheiros das tabernas antigas. Está constantemente a mandar piadas aos habitués.
Ainda comi uma garbure de entrada. Consiste numa sopa de legumes com carne e gordura de pato. Estava apuradinha.
Agora vem a sobremesa… mas isto nunca mais acaba.
Acho que vou ter mesmo de ir dar uma volta para moer isto tudo…
Assim como assim, estou na primeira cidade fortificada de França e que mais parece saída de um livro, tal é a sua beleza.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

As várias vertentes do final de um caminho

Termino hoje o meu Caminho de Santiago.
É a segunda vez que o faço, embora desta vez tenha vindo apenas de Astorga.
Fui até à Catedral e como é Domingo de manhã estava a haver missa.
Cheguei precisamente no momento em que estavam a realizar a cerimónia com o turíbulo. Assisti ao momento em que esse enorme porta-incenso, o maior do mundo diga-se, percorre toda a nave passando por cima da cabeça de todos presentes, sendo controlado através de uma corda, por um conjunto de homens no centro da Catedral.
É impressionante!
Confesso que o meu contacto com esta prática foi de certa forma engraçado porque não estava nada à espera que tal estivesse a decorrer.
Assim, quando entrei na porta do templo, vi algo lá ao longe, no topo, do lado contrário da nave, a deitar fumo e que de súbito começou aumentar de tamanho à medida que vinha mesmo, mesmo na minha direcção.
Pensei… Então, um homem vem fazer o caminho e vai na volta e leva com isto em cima à chegada?!...
Afinal passa por cima de nós, sobe até ao alto da nave e vai a grande velocidade para o outro lado.
Dei uns passitos ao lado e fiquei a assistir.
Chamem-me esquisito mas tenho para mim que se aquilo se soltar e acertar em alguém é capaz de não dar muita saúde.
Saí para a Praça do Obradoiro e fui buscar a Compostelana, o documento que atesta que fizemos pelo menos os últimos 100 km do caminho a pé.
Estava eu no posto de apoio ao peregrino quando entra um rapaz todo equipado para andar de bicicleta para vir buscar o seu certificado. Tirou o capacete, começou a falar com a empregada do posto e disse. Sou português.
A rapariga sorriu e disse-lhe que eu também era.
Ele vira-se para mim e pergunta-me de onde tinha partido. De Astorga respondi.
Isso é a quantos quilómetros? – perguntou-me.
São 275 km, disse-lhe eu.
Deixaste a bicicleta lá em baixo? – pergunta-me.
Não. Eu vim a pé. – respondi-lhe eu.
A pé?! F…-se! – exclamou.
Aquele vernáculo, dito com um sotaque carregado do Porto… foi impossível de não sorrir e muito menos de levar a mal, de tão genuíno e natural que foi.
Despedimo-nos e vim para uma taberna chamada “Os Sobrinhos do Abade” comer uns pimentos de Pádron, uma tábua de polvo à Galega, acompanhados de um belo pão galego e uma taça de vinho tinto, e acabar de escrever os últimos acontecimentos.
Haverá melhor maneira de acabar este périplo pela Galiza e parte de Castilla-Léon?
Ora deixa lá ver... Acho que não!